Guia Pró Idade

Qual o incômodo de estar com a aparência da própria idade? Essa frase carregada de estereótipos associa a velhice a algo feio ou errado, como se aparentar sua idade real fosse motivo de preocupação. Experimente trocar por “Como você está bonito(a) agora!”

O que parece um elogio traz velada a ideia de que para ser bela, ou belo, é necessário ser jovem. E que o envelhecimento vem acompanhado de um processo de “perda da beleza”.
A verdade é que a beleza pode existir em todas as fases da vida, além de ser absolutamente subjetiva e diversa. Não há mais espaço para esse tipo de expressão. Por que não dizer apenas “você é tão bonito”, ou “bonita”?

Infelizmente, essa frase ainda é constantemente repetida, especialmente quando pensamos em corpos femininos. É preciso deixar claro: homens e mulheres têm o direito de vestir o que bem entenderem. Afinal, qual é a idade limite para gostar de vestidos e saias curtas, fendas e decotes, tênis coloridos e camisetas bem-humoradas? Quando devemos deixar de adotar certos comportamentos ou hábitos que não atrapalham nossa saúde e servem apenas para nos divertir? A resposta é: não devemos. E ninguém tem nada com isso. Bom senso mesmo é você se mostrar para o mundo da maneira que mais te agrada. Aqui vale a máxima atemporal: o silêncio é a melhor alternativa se não há nada positivo a dizer.

Por que pedir desculpas quando fazemos essa pergunta? Majoritariamente direcionada às mulheres, a expressão atribui ao envelhecimento um sentimento de culpa. Mas a idade é só um número, e envelhecer não é errado.

Se a idade não é uma ofensa, esse questionamento não precisa de um pedido de desculpas.

Não existe idade limite para interesses ou assuntos, mesmo aqueles considerados “jovens”. Pessoas mais velhas usam redes sociais, gostam de tecnologia, estudam. Da mesma forma, pessoas jovens podem não se interessar por nada disso.

Ao invés de julgar, aproveite para aprender. Ou ensinar.

Quais comportamentos definem a juventude? Gostar de sair, dançar, namorar, viajar, encontrar amigos? Querer mudar de carreira? Cuidar dos cabelos ou fazer uma plástica? Finalmente comprar o carro que você sempre quis? Vamos combinar: todos têm direito de escolher a felicidade em qualquer etapa da vida.

Muitas vezes o adjetivo “jovem” é associado a alegria, diversão e agilidade quando, na verdade, essas características dependem muito mais da biografia e da personalidade de cada um.

Expressões como “com muita energia”, “cheio de vitalidade” etc são alternativas com a mesma mensagem e sem preconceitos.

Relacionamentos afetivos dizem respeito apenas às partes que compõem o casal. E a idade é só uma das muitas camadas que permeiam uma relação. Tem mais: essa frase, muito mais conjugada no feminino, ainda esconde um preconceito de gênero, além do etário.

Exercitar o respeito ao invés do julgamento é a escolha mais saudável e, nesse caso, pró-idade.

Uma longa biografia não combina com palavras no diminutivo (senhorzinho, vovozinha, fofinho etc...). Pode até parecer um tratamento carinhoso, mas quem vive muito quer simplesmente ser tratado como adulto.